28 de outubro de 2025 — Os pedidos de recuperação judicial por produtores rurais no Brasil somaram 2.273 em 2024, um aumento expressivo de 61,8% em relação a 2023. O dado, compilado pelas associações Aprosoja e Abramilho, revela uma situação crítica para o agronegócio, setor que responde por mais de 24% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro e desempenha papel fundamental na balança comercial do país.
Causas profundas e cenário atual
Especialistas apontam para uma combinação de fatores que empurram os produtores rurais à situação de insolvência. Entre eles, destacam-se: concessão exagerada e pouco criteriosa de crédito rural, altas taxas de juros, especialmente com a elevação da Taxa Selic para conter a inflação, e o caro custo dos insumos agrícolas, muitos dolarizados, que elevam as despesas operacionais das propriedades.
Além disso, as imprevisibilidades climáticas, com secas e eventos extremos, têm causado perdas na produtividade e afetado a capacidade de pagamento dos produtores. Esses elementos geram um ambiente financeiro desafiador, levando a uma maior procura pelo mecanismo de recuperação judicial como alternativa de reorganização empresarial.
Dados do segundo trimestre e perfil dos produtores
No segundo trimestre de 2025, o número de pedidos já era de 565, representando alta contínua. Um fato novo é a predominância dos produtores organizados como pessoas jurídicas, que ultrapassaram em volume os pequenos produtores pessoa física. Produtores de soja, milho e pecuaristas lideram os pedidos, demonstrando a extensão da crise em diferentes segmentos do setor.
A recuperação judicial concede aos produtores um período denominado stay period, que suspende por 180 dias ações de execução e cobranças, oferecendo um respiro financeiro para reestruturação e evitando a paralisação das atividades produtivas essenciais.
Impactos econômicos e sociais no agronegócio
O agravamento da crise no agro pode acarretar efeitos adversos em cadeia, como retração no crédito rural, aumento da seletividade bancária, dificuldade na negociação com fornecedores e cooperativas, e adiamento de investimentos em inovação e expansão. A sustentabilidade do setor, crucial para abastecer o mercado interno e exportar produtos, fica ameaçada, exigindo respostas coordenadas do governo, instituições financeiras e demais agentes do mercado.
Casos emblemáticos de recuperação judicial, como o do Grupo Bergamasco, com uma dívida homologada de R$ 236 milhões, demonstram que nem empresas tradicionais e consolidadas são imunes aos desafios financeiros.
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